O consórcio imobiliário é um dos assuntos que mais recebo perguntas. É uma alternativa a mais a ser analisada. Vamos falar um pouco mais sobre este assunto?

No financiamento bancário, o banco paga o valor da sua dívida, numa forma de empréstimo, e te cobrará juros. Caso seja um imóvel pronto, você poderá morar no imóvel pouco tempo depois do financiamento. Se for imóvel na planta, dependerá da construtora, mas geralmente o financiamento é feito ao final da obra, e logo em seguida você receberá as chaves do seu imóvel.

Os consórcios são uma alternativa na qual o comprador não poderá desfrutar do imóvel imediatamente, pois vai precisar ser sorteado antes de comprá-lo.

É uma boa opção para quem já tem um lugar para morar e pode esperar ser sorteado. Digamos que você faça um consórcio de 180 meses; imagine agora se você for sorteado por último? Você teria que esperar nada menos do que 15 anos para adquirir o imóvel. Na contramão, o grande atrativo é a taxa de juros, pois esta será uma alternativa mais barata que o financiamento; os consorciados arcam apenas com uma taxa de administração, que varia de 1,5% a 2,4% a.a, além de correção monetária (INCC ou CUB/RJ) e fundo de reserva (falaremos mais a frente).  Este percentual é muito inferior ao das linhas de crédito imobiliário disponíveis no mercado, que podem chegar a 12% a.a + TR.

Aí você pensa: poxa, o juros é tão mais baixo, mas eu não posso esperar 15 anos! Há maneiras de se agilizar o processo e ganhar tempo. Se você tem renda variável ou a possibilidade de receber algum valor alto (PLR, indenização, herança), vale a pena analisar a possibilidade do consórcio, pois há a opção de adiantar o valor contratado no consórcio e antecipar o recebimento da carta de crédito. Um exemplo: consórcio de R$100.000,00, onde você já pagou R$70.000,00; pagando a diferença de R$30.000,00 aproximadamente, você pode antecipar o recebimento do bem.

Há também a questão dos lances. Geralmente, as administradoras convocam reuniões mensais para o sorteio e leilão das cartas de crédito. Nessas ocasiões, é possível fazer propostas financeiras para a retirada do valor. Quem fizer o melhor lance, leva a carta de crédito. Aí, mesmo que o seu lance não seja o mais alto, você pode usar o dinheiro para quitar parte de suas parcelas e diminuir o tempo de espera pela carta.

Uma desvantagem é que no financiamento bancário, as prestações vão diminuindo com o tempo, o que não acontece com os consórcios. Assim, mesmo que você seja contemplado no início do plano de consórcio, sua carta de crédito terá um valor fixo, mas as parcelas continuarão sendo reajustadas.

Um ponto importante é que no financiamento você é o devedor, no consórcio você se torna credor da instituição, pois está colocando dinheiro num investimento de longo prazo. Assim, se a empresa falir, é possível que você fique seja prejudicado, sem a carta de crédito na mão. Para evitar problemas, escolha bem a administradora do consórcio, pesquise, compare, veja se há reclamações em sites tipo o Reclame Aqui. O ideal é que o consórcio seja ligado a um banco, pois o negócio estará sob supervisão do Banco Central. Se alguma administradora não entregar a carta de crédito prometida, perde o direito de prestar o serviço.

Outra desvantagem é que o dinheiro investido no consórcio não rende. O mesmo valor pago num consórcio, se colocado num fundo de investimento de longo prazo, dará retorno financeiro, pois você ganha juros. Se entra num consórcio, paga juros, mesmo que pouco. A dificuldade é ter que esperar anos para juntar o dinheiro no investimento e, ao mesmo tempo, aprender a ser fiel às próprias metas pessoais.

Afinal, como saber ser o consórcio é uma boa opção pra mim?

Entender a lógica do consórcio é o primeiro passo para decidir se ele é adequado ao seu perfil financeiro ou não. Na composição das prestações do consórcio, inclui-se também um valor que se destina à formação de um fundo de reserva. Esse fundo tem por objetivo garantir as cartas de crédito em caso de qualquer eventualidade . Se não utilizado, ao final do plano o dinheiro é devolvido aos participantes. Ou seja, não deixa de ser uma poupança forçada, e você receberá um dindin de volta no final das contas.

No caso de inadimplência, as administradoras tomam duas atitudes diferentes. Se isso ocorrer após a contemplação, o bem é tomado e levado a leilão para pagamento da dívida. Já se a falta de pagamento se der antes da contemplação, o participante terá três meses para regularizar sua situação. Caso isso não seja feito, o consorciado continuará participando dos sorteios mensais e poderá receber de volta o dinheiro aplicado quando for contemplado.

Agora, digamos que você começou um consórcio e mudou de ideia no meio do caminho, encontrou aquela casinha perfeita e ainda não havia sido contemplado, optando por entrar em um financiamento bancário para não perder a oportunidade. Ao ser contemplado, você poderá optar por utilizar a carta de crédito na quitação do financiamento ao invés de comprar um novo bem. Mas não adianta se empolgar e achar que poderá usar o dinheiro do consórcio com outras coisas: um consórcio imobiliário só poderá ser usado para quitar uma dívida também imobiliária.

Também é possível utilizar os recursos do FGTS para o pagamento de parte das prestações de consórcios. Neste caso, poderá ser utilizado por trabalhadores consorciados que já tenham sido contemplados com a carta de crédito e também já tenham adquirido o imóvel. Para sacar o recurso, o imóvel e o consórcio devem necessariamente estar no nome do beneficiado e o valor de compra do imóvel também não pode ser superior a 500.000 reais. As outras regras para a retirada do FGTS também se aplicam nesse caso.

RESUMO DE TUDO: o consórcio vale a pena se você não tem pressa de adquirir o imóvel, pois a contemplação é incerta.

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O ideal é que vocês procurem mais informações diretamente com os correspondentes bancários. Como eu não trabalho com consórcios, não posso me aprofundar muito no assunto, mas já deu pra ter uma idéia. Se você achar que o consórcio pode ser uma boa opção para você, procure saber mais com os principais bancos do mercado.

 

Beijocas,

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