Foto Luiz Roberto Lima

Aproveitando que a Gabi Gasparin tirou uma folga hoje e que vocês me autorizaram a falar sobre esse assunto aqui, prometo que será o primeiro e último post político-social-baderneiro-hahahaha-sei-lá-o-quê sobre esse tipo de assunto.

O Casando sem Grana não é um blog de bandeiras ou panelas. Nosso único foco é a economia para casamentos e para a vida, nada mais. Entretanto ontem, ao ler este texto, me pareceu clara a semelhança do que acreditamos e propagamos aqui com mais essa demonstração de ostentação as custas do dinheiro público.

Quer ver como tem tudo a ver?

A política e o povo

Rapidamente explicando, o enlace de sábado passado de Beatriz Barata e Francisco Feitosa Filho marcou pra sempre a história popular da cidade do Rio de Janeiro. De um lado a elite carioca juntamente com os anfitriões da festa: o ~clã~ Barata. Beatriz, neta do maior empresário de ônibus do Rio de Janeiro, Jacob Barata e Francisco, filho de outro empresário multimilionário do ramo no Ceará. Do outro a multidão, aos berros, protestando contra os estimados R$ 2 milhões de reais gastos (ou investidos, como gostam de dizer) numa festa claramente financiada por desvio de verba pública.

O local escolhido para a festa, o Copacabana Palace, a igreja tradicionalíssima, os seletos 1.050 convidados, a decoração explendorosa ao extremo, uma noiva toda trabalhada em diamantes, uma lista de presentes absurda e outras riquezas sem igual, não deixam rastros de dúvidas de que esse cenário não é o de um casamento e sim de uma junção de interesses de famílias que juntamente com uma corja de políticos tem atirado cinzeiros de vidro, notas de R$ 20 e bem-casados no lugar de migalhas de pão, há muito tempo na cara do povo brasileiro (não entendeu essa citação? leia o texto). Somos roubados em milhões através de impostos que financiam festas, viagens e todo o tipo de conforto para essa gente. Não somos educados pelas escolas públicas enquanto os filhos deles vem e vão de motorista de suas escolas particulares. Somos mortos na fila do SUS todos os dias aguardando atendimento enquanto eles…buscam o melhor aqui e no exterior.

E se você ainda não está convencida disso tudo, dê uma olhada nesta lista de presentes e imagine que difícil deve ser viver sem um faqueiro de R$ 37.150,00!

E o que tudo isso tem a ver com o universo dos CASAMENTOS?

Tudo!

O ano é 2013 e ainda somos ridicularizadas por fornecedores que não aceitam trabalhar para casamentos com verbas menores de R$ 40 mil reais! Como se o Brasil fosse repleto de pessoas abastadas que podem pagar por isso ou muito mais numa festa. Somos motivo de chacotada, risadinhas e cansei de contar quantas portas se fecharam na minha cara por ter um blog chamado “Casando sem Grana”. Somos as pobrinhas, a ralé. O proletariado que colocou na cabeça que quer casar! Veja só, que absurdo!

Sabe o que mais me revolta nisso tudo? Que o mesmo fornecedor que se posiciona dessa forma ignorante é meu vizinho aqui no extremo da cidade. É aquele que compartilha no Facebook imagenzinhas que dizem :“O Gigante Acordou!”, “Chega de corrupção!”, “Fora Renan”, “Fora Collor” e todo o mimimi do senso comum. É o camarada que é melhor do que eu, “brega” e “pobrinha”.

Thiago e eu temos participado da onda de manifestações em São Paulo e acompanhado felizes as de outros estados. Essa me marcou mais fundo e não somente pelo claro clamor dos meus semelhantes por justiça social num país onde crianças morrem de fome todos os dias e as que sobrevivem são feitas de escravas em carvoarias ou vendidas e fadadas a morte no tráfico sexual. Essa manifestação me relembrou todo um histórico de desigualdades manifestas na industria dos casamentos. É até obvio que num país onde há todo esse histórico terrível todos os demais setores da economia reflitam o mesmo comportamento. O que não pode ser é admissível.

Rico ama? Sim! Tem direito então a se casar e ser feliz? CLARO! OBVIAMENTE!
Mas não me roube ou me diminua pelas minhas origens simples! Eu não odeio o rico. Adoraria ter mais dinheiro na conta? Sim! Sonho em dar e deixar o melhor para meus filhos? Com toda certeza. Mas não me conformo mais com uma sociedade que se finge de morta mediante os canalhas!!! Não compactuo com gente que está nesse setor pisoteando em quem luta como eu pelo pão de cada dia e depois posa de politicamente correto nas redes sociais.

HEY VOCÊ: OS PROBLEMAS DESSE PAÍS TAMBÉM SÃO CULPA SUA!!!

Por essas e por outras é que me revolta a falta de foco das pessoas que se indignam com um casamento que uma mãe batalhadora passou a vida inteira juntando dinheiro para realizar o sonho da filha ou de uma noiva que também juntou durante anos toda as suas economias. Esse dinheiro é suado, é honesto e vem de mãos limpas. Eu admiro gente como nós que venceu na vida e não quem está ciente de que o avô vai pagar um casamento de R$ 2 milhões com verba pública! Com um dinheiro que não é meu!

Não baixe sua cabeça para o fornecedor que acredita ainda estarmos no século XVII, tampouco para as injustiças sociais das quais somos expostos todo o dia. No campo dos casamentos, agradeça e saia de cabeça erguida e nas outras áreas da vida vá para as ruas e não se cale.

Estamos cansados de hipocrisia e soberba pra todos os lados. E faqueiros de R$ 37 mil reais também!

#prontofalei