Preparação pra casamento envolve muita coisa, certo? Um aperto no orçamento, um pouco de sonho, um tanto de pé no chão… e paciência, muita paciência. Paciência com os sem-noção que se metem onde não são chamados e também com os que se metem quando são chamados, com fornecedores, com padrinhos e madrinhas, mas principalmente, um com o outro.

Vocês podem discordar sobre as flores da decoração, a cor da fita do bem-casado, o modelo de televisão e até sobre o nome do cachorro que em breve fará parte da família. O que isso significa? Que a preparação pro casamento é um prato cheio pra um dos esportes preferidos dos sentimentais: D.R., vulgo “discutir relação”. Só quem vive esse momento sabe o estrago que um impasse sobre o modelo do convite pode causar na relação. Na maioria das vezes, após os ânimos estarem acalmados, percebemos quão besta era o motivo do barraco. Nada de anormal, cumpadi. É um período de muito estresse mesmo.

O que pode ser um sinal de preocupação é quando todo santo dia algum de vocês (ou os dois) resolve girar a Ivete (traduzindo: rodar a baiana). Ninguém gosta de participar de brigas diariamente. Magoa, fere, irrita, faz chorar. Como diria o Faustão, mais do que nunca vocês precisarão ceder, dialogar e chegar a um consenso. É fácil? Não, até os casais mais perfeitinhos tem seus desentendimentos. Tenho quase certeza de que o Willian Bonner e a Fátima Bernardes vivem brigando pra ver quem vai ler primeiro o caderno de esportes.

Como me proponho a escrever sobre o casamento sob o ponto de vista masculino – e mesmo ciente de que as mulheres podem causar uma revolta nos comentários desse post – afirmo que, para nós homens, a situação pode ser um pouco mais complicada. Normalmente, são as mulheres quem tem o sonho de casar e nós, homens, também protagonistas, embarcamos nos sonhos da moça. Portanto, também é aceitável que as mulheres se preocupem mais com os detalhes, já que querem que o enlace saia exatamente como em seus sonhos românticos. Se elas cuidam mais dos detalhes, também aumenta a chance delas se sentirem sob pressão, estressadas. Vamos deixar a situação um pouco mais digna de um filme do Almodóvar? Coloque a amaldiçoada TPM nessa história. Sim, cabron, esse pulo da cadeira e esses olhos arregalados que você acabou de fazer são normais. Dizem que alguns pais cantarolam pros filhos: “T-P-M, crise bem porreta/ Pega esse menino que tem medo de careta”. Ok, mulheres, saibam que TPM é um trauma na vida masculina. Quando ainda ocorre durante o noivado, nós, homens, ficamos mais perdidos que míope procurando onde está o Wally. Se nos preocupamos se está tudo bem, estamos falando demais. Se nos calamos, somos acusados de indiferença. Não sabemos o que fazer, compreendem?

Nesses casos (e em todos os outros), só posso recomendar um velho exercício que aprendi ainda moleque: colocar-se no lugar do outro. Você ia gostar de ouvir um “me deixa quieto, vai!” quando perguntasse ao seu companheiro sobre o dia do noivo? Ou então gostaria de escutar um “tanto faz” quando questionasse a noiva sobre a roupa que vai usar? Provavelmente, não. E não tendo uma bola de cristal pra saber o que se passa na cabeça do outro, só vale apelar pro bom senso, pra paciência e pro afeto.

Só pra terminar, um pequeno desabafo. Às vezes leio alguns comentários sobre como sou um bom noivo. Escrever e ser são coisas bem diferentes. Dizem que quando falamos, os ouvidos mais próximos de nossa boca são os nossos. Ok, não sou um Shrek, mas também não sou um rei de Seráfia. Tenho meus muitos defeitos e minha noiva tem uma paciência estratosférica comigo. Mas eu tento acertar. Já é o primeiro passo, né cabron? Então, bora exercitar nosso lado tibetano?

Hasta!

O noivo