A Ju demorou para me enviar o relato. Me prometeu bastante e eu já roia os dedos de ansiedade!
Mas valeu a pena. Este é um dos casamentos mais bonitos que já pintaram aqui no blog por que foi feito quase em 100% pelos noivos e pela família. Muita gente desacreditou mas o resultado foi surpreendentemente lindo!!! (E ainda tem gente que acha que ter um casamento dos sonhos só é possível com muito dinheiro e fornecedores da moda ¬¬)

Mas quem conta melhor esta história linda de muita mão na massa é a própria noiva…

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“No início eu nem pensava em me casar com cerimônia e muito menos festas, porque apesar de ser extrovertida, não sou de dançar e sempre fico no meu cantinho, meio perdida, meu marido então, é mega tímido! E nunca imaginei meu casamento com uma festa tradicional. Comecei a pesquisar os valores e aí achei impossível mesmo! Acredita que na minha cabeça uns 3mil era o suficiente?! ahahaha, doce engano!
Nos sentíamos peixes fora d’água em casamentos. Achamos lindo, mas não tinha a ver conosco. Eu nunca fui tradicional em nada e pensava: “Como é possível que no meu próprio casamento eu me sinta deslocada? Tem que ter uma forma de mudar sem ficar feio, sem ficar ruim”.

Comecei a pesquisar e encontrei os conceitos de mini, eco, outdoor wedding e me apaixonei! Só que só nós gostamos. Os familiares e amigos achavam que era tudo uma loucura, que seria ridículo, que pareceria festa junina ou infantil. Enfim, diversas coisas de que “em casamento não pode”. Via as fotos na internet e achava tudo lindo. Por que eu não poderia?!
No fim, o fora do comum fez muitos me dizerem que foi o casamento mais lindo que já viram por ser justamente a nossa cara. Dois amigos que foram padrinhos disseram que pela 1ª vez na vida gostaram e se identificaram com um casamento e que também gostariam de se casar desta forma “sem pompa”…

O noivo fez o layout do nosso site e do convite que imprimimos em casa em papel reciclado e só foi entregue aos parentes tradicionais, já os amigos, em maioria, receberam web convite. Para os padrinhos, madrinhas, pais e avós, colocamos numa caixinha com sonho de valsa, a gravata borboleta (feita pela mamãe) e/ou um colar de “pérolas”.

E falando em foto, tenho algumas amigas fotógrafas que pra melhorar fizeram tudo sem cobrar nada! Uma fez as fotos do making off e duas outras fotografaram juntas a cerimônia e a festa.

Resolvemos fazer tudo na chácara dos meus pais. Eu estava louca porque não conseguia decidir quem celebraria a cerimônia já que juízes e padres da católica brasileira me passaram orçamentos que eu não tinha como pagar. Eu sei que é o preço, mas não tinha mesmo! Sonhei que uma prima minha, Rosane, celebrava a cerimônia, então pedi a ela, mas quase não deu certo porque o pastor da igreja que ela frequenta disse que ela não tinha formação pra isso. Mas eu a convenci! Afinal não estávamos nos casando em nenhuma religião e em nenhum templo pra ter regras de “pode ou não pode”.
Não tenho religião, apesar de Cristã e meu marido é agnóstico (ele acredita em uma força maior, mas que é algo que nunca tomaremos conhecimento). Dessa forma não envolvemos religião alguma, e o noivo concordou em citarmos a Bíblia. A partir daí minha mãe decidiu escrever a cerimônia.

Minha mãe fez também quase tudo pra decoração com coisas que comprei no centro. Fizemos cerimônia no campinho de terra e para a nave ela fez um tapete de juta verde com fita cetim marrom. Fez Abóboras e Cajus de tecido (nossos apelidos) jogados pelo chão e também em cestas acima de blocos feitos de garrafas pets e cobertos por tecido e folhagem que o caseiro juntou depois de carpintar o terreno 15 dias antes. Uns meses antes teve uma árvore pequena que caiu com as chuvas. Tive a ideia de usar os galhos para fazer como árvores francesas ao lado das traves que seriam o nosso “altar”.

Minha prima trabalha com eventos e me deu a assessoria, além de arrumar meu cabelo e make. Uma tia que é manicure fez essa parte.

Enquanto os convidados chegavam, recebiam lencinhos de “lágrimas de alegria” e latinha com alpiste para jogar na nossa saída (porque arroz cru pode matar os passarinhos engasgados). Peguei exemplos na internet, tive as ideias para se adequar a nós e o noivo, de novo, fez a parte gráfica.

Um amigo meu, que foi meu professor de canto, cantou na cerimônia.Os meninos ficaram ao lado direito e as meninas no esquerdo. Chegando ao altar eles acrescentavam uma pedrinha no pote, representando a presença deles que é a base de nossa vida.

E eu cheguei ao som de Jimi Hendrix e com um buquê de feltro e botões feito por uma tia minha. Eu tive o “something old (renda do vestido da minha mãe na barra do meu), something new (quase tudo, né), something borrowed (flor da cabeça e o vestido da minha prima) e something blue (sapatinhos)”. A ideia de ecowedding aqui é usar um sapato que vai usar no dia a dia também.

De surpresas para nós, tias e padrinhos participaram ativamente da cerimônia lendo mensagens. Também teve a Tainá, uma menininha linda que eu amo, que mora na região. Ela entrou com um pote de cerâmica que era da minha bisavó, representando a importância da família e de nossa origem. Fizemos a cerimônia das areias ao som de Robert Plant “Sea of Love” e as “crianças” que entraram com nossas alianças foram meus avós paternos. Elas estavam na castanhola da mãe de meu avô, vinda da Espanha. Eu TENTEI cantar “Carinhoso” neste momento mas eu estava tão nervosa que ficou horrível! Meu vô aproveitou e também deu sua palavra na cerimônia. Ah, a aliança eu mandei fazer na Sé e superindico. Ficou em menos de R$ 800,00 que não era nem o valor de uma em lojas de shopping. Ainda tive a liberdade de fazer exatamente como eu queria, em ouro rosè com o coração prateado. Em seguida fizemos nossos votos, o beijo de cinema e a saída ao som de Queen, “Don’t Stop me now”…

Mamãe também fez meu bolo fake. Encomendei pedaços redondos de isopor e coloquei em um suporte que comprei numa loja de decoração. Meu casalzinho lindo foi o mesmo que usamos quando noivamos. Compramos no shopping e custou R$ 5 reais. Eram loiros e nós pintamos os cabelinhos 🙂

Servimos Milk shake, mini hambúrguer e batata frita de entrada. Todo mundo dizia que ia ficar igual festa de criança, mas RÁ! Todo mundo adorou! O Bolo de servir quem fez foi minha madrinha, que foi um pão de ló com calda quente de maracujá que eu fiz. Os docinhos também fui eu quem fiz um dia antes, de cappuccino e cereja. Todo mundo me dizia que seria maluquice mas eu gosto e sempre faço nos aniversários e não podia faltar!

Para as solteiras teve sapo príncipe. Minha mãe que fez a roupinha e o comprei numa promoção por R$ 8,90 na 25 de março! Minha tia fez também um buquê de crochê e a amiga que pegou já está com o casamento marcado! =)
Nos banheiros eu misturei glitter no sabonete líquido pra dar um charme e tinham lacinhos de fita de cetim nos rolos extras.
De lembrancinha tinha Incensos de Mel ”mean to be” com fósforos ”burning love”. Teria mais significado se não tivessem esquecido de acender os incensos que estavam fincados na terra no local da cerimônia, mas fazer o quê? 😛
Também fizemos CDs com as músicas do casamento para tocar na festa já que não tinha DJ. Na caixinha também colocamos mini cajus e abóbora de tecido que minha mãe também fez com os retalhos dos usados na decoração.

No dia seguinte eu fiz o “Trash the Dress” em uma cidade próxima, Sabaúna. Minha mãe que tirou as fotos com uma compacta…”

Ficha Técnica

Fotografia – Camila Dinelli, Sissa Nieves e Natyzoca | Todo o casamento – DIY com amor e carinho pelos noivos e família

Beijos!