“Eu não sou cachorro não!” HAHAHAHAHAHAHAHAHA

Nem lascando!

Não admito ser mal tratada. Não sou melhor e nem pior que ninguém para ser tratada de forma diferente. Se me alisam demais, eu desconfio da esmola e se me tratam com indiferença eu faço um favor a mim e ao indivíduo: Me levanto e vou embora. Infelizmente só aprendi a ser assim com o tempo e com muitas situações bizarra depois, pois antes aguentei cada coisa.O que eu vou contar hoje não é uma regra para o lugar, mas infelizmente, parece que tem potencial para acontecer…

***

Vocês já ouviram falar da Rua São Caetano, a “Rua das Noivas” aqui em São Paulo? Provavelmente sim né?

Pois bem. A São Caetano ganhou esse nome a mais ou menos uns 50 anos quando os comércios de vestidos de noiva foram aparecendo pela rua. Hoje são uns 117, fora os arredores. A coisa é tão “tradicional” em relação a essa rua, que mesmo quem já ouviu relatos convincentes sobre produtos duvidosos, ao menos uma vez na vida já cogitou um pulinho até lá. Que atire a primeira pedra quem nunca pensou numa loucurinha assim! =P

E por quê loucura?
Bom, quem já enfrentou sabe como é. Imagine um lugar onde existem lojas de vestidos e aparatos para casamento por todos os lados e as vendedoras ficam na porta chamando (às vezes aos berros) para que você entre e compre. 90% dos estabelecimentos são assim. Os que não praticam este modelo de atendimento, mantém as portas fechadas com um ar condicionado excelente e vendedoras muito bem trajadas. As diferenças óbvias entre estes dois tipos de loja é preço, qualidade e o atendimento.

No exemplo dois, estão as lojas das maiores marcas. Tem aqueles vestidos de revista que no primeiro aluguel chegam a dar dor nos dentes de tão salgados. Tem qualidade indiscutível com toda certeza e o atendimento pode ou não ser bom. Tudo vai depender da educação e boa vontade da vendedora. Já nas lojas onde as vendedoras “pescam” seus clientes na rua, a experiência pode chegar ao trauma em ambos os quesitos. Quer saber como?

À uns dois anos atrás, bem pouco depois de ser pedida em casamento pelo noivo, fomos munidos de cara, coragem e falta de conhecimento, para uma tal “Feira de noivas na Rua São Caetano”. Pegue seu caderninho e anote a palavra que define melhor esta “Feira”: CILADA! Alias anote também: Conhecimento é uma benção. Falta dele pode te levar a cometer erros gravíssimos dos quais arrependimentos não mudaram em nada o que já foi. Por isso que meu maior sonho é tornar este blog um meio de difundir conhecimento profundo e gratuito, pois só assim vocês irão cada vez menos passar por situações como estas que eu e tantas outras noivas já passaram.

Pois bem. Chegamos por volta de umas 16hs e encontramos fácil o endereço: “Próximo a Avenida Tiradentes”. Ok. Na entrada da “cilada” (vou chamar assim, combina melhor), encontramos alguns fornecedores de foto e vídeo e convites. Nada de mais, nem bom e nem ruim. Talvez por nesta época ainda ter o olhar destreinado, só conseguir emitir a seguinte opinião: Caros. Na seqüencia subirmos um lance de escadas e saímos em um salão com muitas mesas, poucas pessoas e um palco, onde acompanhamos o final de um desfile. Mal tivemos tempo de pensar em algo e fomos abordados por uma vendedora do melhor estilo “Pesque e pague”: Saiu me arrastando pelo braço para conhecer o espaço e de cara assim na lata, experimentar um vestido! Parecia uma metralhadora pronta a me fuzilar com suas 190 frases por minuto!

“De qual você gosta? Quando é o casamento mesmo? Ai como você é magrinha tem um aqui que é sua cara! Você gosta de brilho? Puxa, seu noivo é um gatão mesmo hein? Mas, OWWW!!! (Gritou para o meu noivo): FICA AÍ HEIN!!!! NÃO PODE VIR AQUI, SÓ DEPOIS QUE A NOIVA FICAR PRONTA!!! Então lindinha, cabelo preso ou solto? Aaaaaaaaaaaiii, COMO É SEU NOME MESMO?!”

Depois de ficar surda com os berros dessa delicada senhora, fui literalmente “enfiada” em um vestido. Até que era bonito o bichinho. Nada de “OH MY GOD!” mas era um tradicional branquinho atraente. Não percebi o quão envolvida eu já estava com aquela peça de roupa…me admirava no espelho daquele improvisado provador e gradualmente me senti noiva pela primeira vez. Muitas cenas da minha vida começaram a se passar na minha mente naquele momento: As dificuldades de sobrevivência na infância, os ex-amores que roubaram pedaços da minha esperança de me ver daquela forma algum dia e aquele grande amor, que estava lá fora me esperando. Chorei. Como se fosse o grande dia. Estes pensamentos, na verdade, foram rápidos e bruscamente interrompidos pela meiga e adorável atendente de outrora que agora exigia que eu desfilasse pela passarela!

“Não não peraí que eu tenho verg……!!!!!!!!”

Fui puxada e não adiantou nem tentar argumentar. Alias, não existe espaço para argumentos e opiniões dos clientes. Lá fora estava meu amor com um sorriso largo, de orelha a orelha me vendo vermelha dentro do vestido branquinho. Mas ainda dava para piorar tamanho constrangimento: Toca neste exato momento em alto e bom som a MARCHA NUPCIAL (!!!) Arriégua…que mico! =(

Quando cansaram de me sacanear, pedindo para dar mais uma voltinha, me convidaram gentilmente para sentar e “conversar” um pouco mais sobre o vestido. Aqui começava o verdadeiro constrangimento. Quem já foi a uma “cilada” como essa ou até mesmo uma Expo Noivas, conhece bem o roteiro de vendas desse pessoal.

“- Olha meu anjo, que tal? Gostou do vestido? – Perguntou agora um segundo vendedor dizendo-se o “estilista” do local.
– Bem…então…gostei e tal…
– AH QUE BOM!! Então vamos falar um pouquinho mais sobre ele e os valores táááááá?
– Bom…ok – Até aqui eu não imaginava o que me aguardava.
– Olha, como este vestido é primeiro aluguel e assim…é coisa mais fina neam? Ele pode ser seu por uma bagatela de R$ 2.500, tsá? Pra te ajudar o que a gente pode fazer é parcelar em 10 chequinhos com uma entrada de 30% no ato. Mas assim é HOJE MESMO, TSÁ? Eu só consigo segurar esse valor pra você, que já está com desconto, só até hoje.”

Velhinho do céu….eu quase (e perdão pela expressão) regurgitei o bem casado que eu comi na recepção quando ouvi tamanha obsenidade. Foi alí então que aquela encenação toda foi pelo ralo, junto com a minha alegria. Havia entendido o por quê de todo aquele teatro: Primeiro mexem com todas as suas emoções e sem nem deixa-la antes tirar o vestido, te enfiam uma faca no estômago e te cravam na parede esperando que você credite realmente que aquela peça e seu valor são ÚNICOS!

” – É uma oportunidade unica! É a realização do seu sonho querida! Você vai perder a chance de realizar seu sonho?! Esse valor e qualidade aqui, você não vai mais encontrar em lugar nenhum viu, filhinha?…”

Pff! Malditos carniceiros mentirosos!!
Meu noivo ficou puto com tamanha insistência e terror psicológico que sofremos. A cada negativa minha para o negócio, o “estilista” espezinhava mais e mais a minha condição de noiva sem grana e prudente. Ambos acabamos cansados e emputecidos por não termos atingido nossos objetivos distintos. Pedi licença com firmeza para me trocar e só consegui sair às pressas de lá, por que prometi voltar na mesma semana para fechar o negócio…

***

Passaram-se quase dois anos desde este episódio e estes dias que fui a Expo Noivas adivinhem quem eu vejo ao longe tapeando da mesma forma outras noivas?!

Tadinho, deve estar até hoje me esperando com o “chequinho da entrada” ¬¬


Beijos!


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